12a. Semana Nacional de Museus - Visitação no Museu do Cárcere

A Semana Nacional de Museus acontece anualmente para comemorar o Dia Internacional de Museus (18 de maio), quando os museus brasileiros, convidados pelo Ibram, desenvolvem uma programação especial em prol dessa data. O tema norteador dos eventos é o proposto pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM). Nesse ano, a sua 12ª edição está acontecendo entre os dias 12 e 18 de maio, quando instituições museológicas de todo o país promovem atividades em torno do tema Museus: as coleções criam conexões.
O Museu do Cárcere - ou MuCa, como também é carinhosamente chamado – vem enfrentando com sucesso grandes desafios. É um museu que tem como temática central o universo prisional, mas não é um museu penitenciário. É ainda, ao mesmo tempo, um ecomuseu e um museu universitário. 
Considerando a função social do museu e da universidade, o Museu do Cárcere/Ecomuseu busca se consolidar como espaço que proporciona o encontro de diferentes campos do saber, como ponto de interseção de diferentes disciplinas e grupos de pesquisa, da graduação e da pós-graduação, intermediando saberes acadêmicos e os produzidos pela comunidade, promover o estudo e a elucidação de problemas relativos a temas relevantes e estratégicos para o desenvolvimento da cidadania e dos direitos humanos, de forma a contribuir de maneira efetiva para o campo científico e social. Assim, na interação e integração de saberes, sujeitos e interesses, investe-se no poder transformador do conhecimento e de suas próprias formas de produção, possibilitando a realização de uma “ecologia de saberes”. 
Umas das missões centrais dos museus é democratizar o acesso da população aos bens culturais, democratizar a produção cultural e ampliar o consumo cultura. De forma crescente os museus tem sido reconhecidos como um ator de desenvolvimento económico e social no nível local, através da oferta de serviços de atividades culturais, integradas a reflexão sobre a comunidade e pela comunidade.As exposições constituem um instrumento-chave para permitir o acesso público aos acervos de museus. Podem ser inovadoras, inspiradoras e conduzir o visitante à reflexão, proporcionando ótimos momentos de prazer e aprendizagem. No entanto, é necessário um cuidadoso planejamento, incluindo a questão dos custos envolvidos, para que a exposição seja um sucesso. É fundamental pensarmos inicialmente na função de cada exposição, no que queremos mostrar ao público, tempo de exposição (longo ou curto), as tecnologías, como isso será feito, o tema, público-alvo, ou seja, é prioritário o estabelecimento de nossos objetivos e métodos para a definição da plataforma apropriada.
O visitante preparado terá a possibilidade de realizar uma leitura crítica e questionadora sobre a instituição visitada, pois o museu não apresenta apenas os objetos, mas o trabalho das inter-relações dos homens com seu meio e com o fato cultural, num espaço tempo histórico determinado, sendo assim um agente de ação cultural e educativa. Não se trata de uma simples ação de apresentação de objetos em uma exposição, mas sim, desenvolver o material trabalhado como fonte de informação. A cultura material não é apenas um objeto dentro de um cenário, e sim um artefato dentro da interação social, produzindo conhecimento.
O MuCa possui atualmente 5 galerias ocupadas com mostras que objetivam uma integração efetiva entre os diferentes saberes da universidade e da comunidade, a saber: 100 anos de presídios na Ilha Grande - apresenta um panorama dos cem anos (1894-1994) de história das instituições carcerárias na Ilha Grande que se dividide em três tempos: o primeiro trata da Colônia Correcional de Dois Rios que, durante as primeiras décadas republicanas, confinou uma população indesejável sobre o pretexto de regenerá-la; o segundo aborda o funcionamento das colônias agrícolas criadas durante o Estado Novo (1937-1945) e o terceiro se refere à criação e à destruição do Instituto Penal Candido Mendes, penitenciária de segurança máxima. Sistema penitenciário do Rio de Janeiro: ontem e hoje - busca contribuir para uma visão sobre a construção e o funcionamento de várias unidades penais e hospitalares que integram a estrutura do sistema penitenciário brasileiro ao longo da história. Nela são apresentados registros fotográficos que retratam passagens da história e do cotidiano das prisões. Contribuindo para a compreensão desse universo complexo e perpassado por sentimentos contraditórios dos internos, dos funcionários e da sociedade, a exposição se divide em eixos temáticos: Trabalho, Família, Sociabilidade, Vida na prisão e Infraestrutura do sistema; Comida e Cárcere- instalada no prédio onde funcionava a padaria do presídio – a mostra apresenta, em três módulos: Aquisição, Preparo e Consumo, a rotina alimentar na penitenciária da Vila Dois Rios até sua desativação; Arte e ciência das formas e padrões da natureza: exposição fotográfica que tras para dentro dos muros do antigo presídio, um pouco da exuberância da flora e da fauna de um dos mais ricos ecossistemas das Américas, a Mata Atlântica circundante; Ecomuseu Recicla: resultado de um projeto de aproveitamento de residuos sólidos, em desenvolvimento com a comunidade de Dois Rios, a exposição apresenta trabalhos em lata, madeira, pet, principalmente flores, peixes e borboletas, móveis e bonecas de retalhos de tecido, confeccionados por artesãos locais. 
O museu é uma instituição viva, dinâmica. As suas exposições não devem ser estáticas ou reproduzir um ambiente de um antiquário. Devem cumprir com a sua missão de forma a provocar no público mais do que uma “visita”, uma curiosidade, uma busca de produção de conhecimento a partir da interação com o seu conteúdo.











Um comentário:

  1. Muito interessante saber que tem um espaço.
    Onde retrata a história do novo Rio de Janeiro.
    Sou filho de um ex presidiário da ilha grande, que recomeçou uma nova vida e construiu Familia.
    Não sei muito sobre a vida que passou no tempo de preso, pois tentava esquecer a todo tempo, porém o passado é um fantasma que sempre volta. Entre uma conversa e outra entre Adultos estava lá eu sem entender nos que falavam tanto.
    Quando lançaram o filme 400 contra 1. A história voltava , parecia que sabia de tudo ao assistir o filme, pois levei minha infância toda escutando história de um lugar muito ruim de sofrimento inesquecível.
    Um dia vou ter a oportunidade de visitar o local.

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